quarta-feira, outubro 13, 2004
De negro vestido e coração colorido.
Vejo-a todos os dias a caminho do emprego.
Anda sempre de nariz empinado, de semblante fechado. Marcha mais do que caminha, em linha recta, não se desviando nunca de quem vem no sentido oposto. Um dia distraída, quase fui contra ela e só aí, bem de repente e bem de perto, lhe consegui apanhar o brilho traquina dos olhos de um verde tão escuro que mais parecem pretos. Muitos dirão, aliás, que jamais aqueles olhos foram verdes e que sempre foram daquele negrume que fere o coração quando é para nós apontado. Talvez seja por causa disso que logo baixa o nariz empinado quando se depara com alguém. Instinctivamente, apressa o passo rápido e fixa a ponta dos sapatos.
Gosta de sapatos pretos.
De sapatos de tacão alto, sapatos de tacão baixo, bailarinas, sapatilhas, botas de tacão alto, botas de tacão baixo, sandálias e de sapatos para dançar o tango ....mas pretos sempre pretos. Tem aliás um carinho muito especial pelos seus sapatos, tábuas de salvação que a põe a salvo do confronto visual com os desconhecidos da rua.
No entanto, gosta de pessoas. Altas, baixas, de cabelo claro, de cabelo escuro, feias e bonitas..e até às cores.Mas olhar para elas.....Algumas lhe disseram que jamais os olhos dela foram verdes, que foram sempre negros e que ferem o coração.
E como gosta sobretudo de pessoas, quando marcha mais do que caminha, fixa o olhar sobre os sapatos a quem pede perdão baixinho.
Anda sempre de nariz empinado, de semblante fechado. Marcha mais do que caminha, em linha recta, não se desviando nunca de quem vem no sentido oposto. Um dia distraída, quase fui contra ela e só aí, bem de repente e bem de perto, lhe consegui apanhar o brilho traquina dos olhos de um verde tão escuro que mais parecem pretos. Muitos dirão, aliás, que jamais aqueles olhos foram verdes e que sempre foram daquele negrume que fere o coração quando é para nós apontado. Talvez seja por causa disso que logo baixa o nariz empinado quando se depara com alguém. Instinctivamente, apressa o passo rápido e fixa a ponta dos sapatos.
Gosta de sapatos pretos.
De sapatos de tacão alto, sapatos de tacão baixo, bailarinas, sapatilhas, botas de tacão alto, botas de tacão baixo, sandálias e de sapatos para dançar o tango ....mas pretos sempre pretos. Tem aliás um carinho muito especial pelos seus sapatos, tábuas de salvação que a põe a salvo do confronto visual com os desconhecidos da rua.
No entanto, gosta de pessoas. Altas, baixas, de cabelo claro, de cabelo escuro, feias e bonitas..e até às cores.Mas olhar para elas.....Algumas lhe disseram que jamais os olhos dela foram verdes, que foram sempre negros e que ferem o coração.
E como gosta sobretudo de pessoas, quando marcha mais do que caminha, fixa o olhar sobre os sapatos a quem pede perdão baixinho.